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sábado, 27 de outubro de 2018

A dor de Kéfera é a nossa dor também


Essa eleição é diferente de todas as outras. Não minimize isso. ESSA ELEIÇÃO É A MAIS SÉRIA DE TODAS. E significa separações com feridas. ETERNAS FERIDAS.

Não existe uma só pessoa lúcida nesse país, que não esteja sentindo a mesma decepção de Kéfera. Praticantes e adoradores da B Lifestyle, são uma decepção para a humanidade HUMANA.

Abaixo, em MATÉRIAS DE APOIO, veja o depoimento-testemunhal de Kéfera
A dor de Kéfera é a dor da humanidade HUMANA.

A pessoa B está fazendo UM ÚNICO bem à humanidade: separando seres. Como essência. Teremos de conviver como transeuntes, mas sem a cumplicidade de mentes que se aproximam.

Porque ódio e amor, não andam juntos, não. A "verdade absoluta" das bobagens gigantescas do que replicaram, não é verdadeira.

Como Israel Mendes (meu contato em rede social) falou, abaixo:

"Eu poderia, sim, ser um desses eleitores do Bolsonaro.
Mas sobrevivi.

Se você vai votar no Bolsonaro, nossa amizade nessa rede social acabou. Eu respeito todos os candidatos à presidência. Menos Bolsonaro. Antes de ser medíocre como político, ele o é como ser humano. E quem vota em alguém assim, revela muito sobre si mesmo. Pra mim Bolsonaro é a materialização de todas as coisas mais atrasadas, antiquadas, retrógradas que eu convivi na minha infância, nos anos 80. Cresci sem pai, fui filho não planejado. Minha mãe se virava pra me criar. Minha madrinha e meu padrinho ajudaram muito. Mas pra além disso, o entorno social sempre foi caótico. Pobre, preconceituoso, agressivo, pouquíssima instrução. Determinismo do meio.

Algumas aberrações que cresci ouvindo: homem não chora, mulher é sexo frágil, tem que ser macho, gay não presta, negro não é gente, se apanhar na escola vai apanhar mais em casa pra aprender, quem tem medo é mulherzinha, entre outros absurdos. Nem todas eram ditas diretamente pra mim. Mas eram ditas, repetidas, perpetuadas, eram parte do cotidiano. Eu poderia, sim, ser um desses eleitores do Bolsonaro. Mas sobrevivi.

EU LUTO TODO SANTO DIA pra desaprender, desver e desescutar esses conceitos que eram presentes na minha infância. É assim que evoluo como ser humano, lutando contra esses desajustes que foram organicamente e deterministicamente plantados em mim.

Aí vem um Bolsonaro, e me traz tudo isso à tona novamente. Ele me lembra alguns caras que gargalhavam alto pra afirmar suas machezas entre os outros machos, os mesmos que eventualmente se envolviam em alguma briga física (tão normal na minha infância), bebiam até cair e, de tempos em tempos, ameaçavam ou batiam nas esposas ou ainda se separavam por adultério. Ele me lembra a ignorância dona de si. A burrice cheia de certezas. A hipocrisia machadiana. A preguiça cognitiva. O moralismo estéril.

Quando criança a gente não entende direito. Hoje eu compreendo. Hoje o Israel de 40 anos entende o que causava angústia, medo, nervosismo, entre outros sentimentos esquisitos, no Israel de 6 anos. E eu não quero conviver com quem pactua ou tolera esses valores absurdos que eu lutei tanto pra apagar da minha cabeça.

Por isso, se você vai votar no Bolsonaro, é hora de nos despedirmos. Não quero mais compartilhar fragmentos da minha vida por aqui. Preciso seguir evoluindo pra dar um chão mais sólido pra minha filha que, sendo mulher, terá que saber se defender dos diversos eleitores do Bolsonaro que ela encontrará no dia a dia.

Dito isso, acaba aqui a convivência. Não rola compartilhar fragmentos da minha vida pra eleitores desse cara. Pra quem concorda com os princípios dele. Prefiro minha bolha. Olhos pras inteligências, competências e sensibilidades que concordam comigo e concluo categoricamente: estou bem acompanhado.

A saber: pro momento atual do país acho péssimo Haddad x Bolsonaro num 2º turno. A rejeição de ambos fala por si só. Mas na minha leitura Haddad x Bolsonaro significa Democracia x Ditadura. E eu sempre vou optar pela Democracia, não importa quem defenda ela.

EU, DÓRIS, SOBREVIVI.
MAS DESPEDIDAS, SÃO NECESSÁRIAS.

Como Adriano Silva (meu contato em rede social) falou, abaixo:

Tem uma coisa que precisaremos entender bem, assim que a poeira baixar: em que momento um clown troglodita e cafona, um deputado que só rompia com a sua relativa irrelevância bradando barbaridades diante das câmeras e à frente dos microfones, se tornou um fenômeno capaz de arregimentar o voto e a consciência de mais de 50 milhões de brasileiros?

A maioria das coisas que ele afirma causa ojeriza e vergonha mundo afora. E renderia prisão em flagrante, aqui mesmo no país, por crime de ódio, de preconceito, de discriminação, de agressão, de incitação à violência – coisa da qual ele só se safou porque tem imunidade parlamentar para dizer o que quiser, mesmo os maiores acintes. Como esse discurso e esse personagem abominável perpetrados por Bolsonaro viraram a esperança e a salvação do Brasil?

Como pudemos guindar um ser humano desta categoria afora e acima do seu bolsão de truculência e burrice? O que era apenas mais uma figura tragicômica da política nacional, uma caricatura constrangedora, uma metralhadora de provocações raivosas que eram vistas mais como bizarrices do que como ameaças reais, de repente se tornou mainstream – e entrou na casa das pessoas, e sentou com seus modos grotescos à mesa com as famílias, e agora está prestes a ser institucionalizado no poder com imenso referendum popular. Como isso aconteceu?

O Fenômeno Bolsonaro é de fundamental compreensão. Venha ele a se eleger domingo ou não. Pelo que isso diz de nós, como sociedade. E pelo que isso anuncia sobre o que pode acontecer com o país num futuro próximo. Há um Brasil que os democratas e os liberais desconhecem. Um Brasil profundo, em que os estopins da violência e do obscurantismo estão cada vez mais prontos para acabar com qualquer ideia de sociedade aberta, baseada em valores libertários e iluministas – como humanismo, racionalismo e laicismo.

Gostaria de imaginar que nós somos melhores do que Bolsonaro. E que isso tudo é apenas um enorme equívoco, um precipício com o qual flertamos por imaturidade, um pesadelo do qual vamos acordar. Mas não estou certo disso. Meu desespero não é apenas ver a extrema direita assumindo o poder no meu país – e pelo voto direto. Meu desespero é ver o quanto a agenda de Bolsonaro nos representa de verdade, o quanto estamos nos tornando mesmo uma sociedade ultraconservadora, rude e tosca.

O pior do voto em Bolsonaro é justamente o quanto isso legitima e dá vazão ao que há de pior em nós – a imagem hegemônica que está posta no espelho, diante do nosso rosto, é a de um povo violento, egoísta, escravocrata, insensível, incapaz de exercitar valores como empatia e solidariedade, ou de construir qualquer coisa coletivamente, em especial uma Nação em que todos possam ter acesso aos benefícios da cidadania e do mercado consumidor.

Quanto a essa eleição em si, eu já disse tudo que tinha para dizer. E repito: Bolsonaro sempre foi muito sincero e transparente em suas posições. Não é um cara que precise ser desmascarado, nem o seu discurso tem nuances que precisem ser reveladas. Com Bolsonaro, tudo sempre esteve explícito. A serpente está roçando sua aspereza na cara da gente há meses, sem filtro.

Quem não se demoveu com nada do que foi gritado, quem não se constrangeu com as ofensas que ouviu, quem não sentiu horror, asco, repulsa, raiva diante das ameaças que têm sido reafirmadas por Bolsonaro e sua turma, bem, essa pessoa não se sensibilizará com nada do que eu possa escrever ou deixar de escrever. Aliás, penso que essa pessoa perdeu completamente a capacidade de se sensibilizar com o que quer que seja.

Se você ainda tem alguma dúvida do que fazer dia 28, proponho um exercício simples: liste as pessoas que têm apoiado Bolsonaro. E aquelas que têm se oposto ao projeto de extrema direita que ele representa. Pense em qual dessas turmas você gostaria de estar, qual delas têm o seu DNA, qual delas reúne mais gente que você admira.

Pense em quem você convidaria para jantar em casa. Quem você preferiria que sua filha namorasse. Quem você consideraria o melhor tutor para o seu filho adolescente. Pense em quem representaria melhor o país no púlpito da ONU. Em quem está melhor preparado para dialogar com outros chefes de Estado.

Para domingo, lhe desejo, sobretudo, um voto que você possa justificar a seus filhos pequenos, na mesa de jantar. E que esteja em linha com os valores e princípios que você cultiva em sua casa. E que você consiga apresentar com orgulho muitos anos no futuro, quando alguém lhe perguntar o que aconteceu no Brasil em 2018 e de que lado você estava.

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