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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Sociedade Faz de Conta



A Ficção Científica é tão ampla, é tão linda, é tão poderosa, que é difícil de esgotar-se esse assunto. E existe assunto que se esgota? Possivelmente, não.

Eu amo Ficção Científica. Mesmo que nem sempre tenha conhecimento suficiente para entendê-la, ela me faz pensar. E nisso, podemos citar livros, filmes e tudo que envolve o assunto. Pessoas a se conversar sobre o assunto. Pessoas técnicas e pessoas que “viajam na maionese”. As primeiras nos ensinam, dão base. As segundas nos fazem pensar “fora da caixa”. O que precisamos é separar umas das outras, e impor limites.

E a ficção científica, ao contrário do que alguns desavisados possam achar, é muito séria. Aborda assuntos da sociedade, às vezes nas entrelinhas e às vezes de forma muito clara.


E então... existe o equilíbrio em uma sociedade? Equilíbrio representa a igualdade? Pois esse filme sempre me faz pensar, e o assisti novamente: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-26865/

Sinopse:
Nos primeiros anos do século XXI aconteceu a 3ª Guerra Mundial. Aqueles que sobreviveram sabiam que a humanidade jamais poderia sobreviver a uma 4ª Guerra Mundial e que a natureza volátil dos humanos não podia mais ser exposta. Então uma ramificação da lei foi criada, o Clero Grammaton, cuja única tarefa é procurar e erradicar a real fonte de crueldade entre os humanos: a capacidade de sentir, pois há a crença de que as emoções foram culpadas pelos fracassos das sociedades do passado.
E
A história se passa em um futuro distópico, após uma terceira, e destruidora, guerra mundial. A sociedade é controlada por um regime totalitário, que obriga a população a tomar uma droga chamada Prozium que anestesia emoções, prevenindo tensões sociais. John Preston, o protagonista, é um membro da instituição que mantém a ordem e para de tomar o remédio.

A perfeição é uma utopia, uma distopia, ou o que?

A etimologia da palavra utopia consiste em uma tradução dos termos gregos "lugar nenhum" e "bom lugar". Significa a criação de um mundo ideal, fantástico, tão perfeito que não necessariamente existe ou existirá na realidade - ao contrário da sua antítese, a sociedade absolutamente desarmônica, a distopia.

E se pensarmos em filmes, encontrei na internet uma divisão dos tipos de utopia e distopia com relação aos filmes de ficção científica. Gostei e compartilho algumas passagens aqui:


Star Trek

Tipo de utopia: ideal

A coleção de séries de TV e dos filmes de Jornada nas Estrelas (Star Trek) apresenta o futuro de perfeição suprema, em que a humanidade uniu-se em busca de demandas mais nobres, como a diligência pelo conhecimento e pela paz. A Frota Estelar é uma armada pacífica, habitada por uma tripulação filantrópica e etnicamente diversa, e as tramas tratam com otimismo de assuntos de valor, como racismo, religião e direitos humanos (e de alienígenas). Além disso, a sociedade dispensou coisas mundanas como o dinheiro, e pode apostar no trabalho como um meio para realmente enaltecer o homem.

Claro, há batalhas, raças e pessoas que ameaçam esse modo de viver. Porém, a espaçonave Enterprise sempre termina dadivosa, depois de aprender alguma lição valiosa. Vale notar que há vários tipos de utopias presentes nos filmes - econômica, financeira, tecnológica - e também há a utopia ecológica, na qual a sociedade aprenderia novos modos de se relacionar com seu ambiente ou com a natureza, em uma tradução da imagem do bom selvagem (frequente em diversas obras, mais recentemente em Avatar).

O Homem Bicentenário / Eu, Robô

Tipo de utopia: purificada

O pensamento utópico de Isaac Asimov, autor do conto do Homem Bicentenário (que ganhou adaptação cinematográfica em 1999, dirigida por Chris Colombus) e das Leis da Robótica e partes da história do filme Eu, Robô (de 2004, dirigido por Alex Proyas), se dá de maneira histórica. Isto é, o autor está mais interessado em desenhar o trajeto que leva a uma sociedade a ser utópica do que necessariamente descrever detalhadamente como seria este mundo perfeito. Sendo assim, ambos os filmes - embora adaptem um pouco o original asimoviano - não tentam apresentar um paraíso, mas uma comunidade avançada em que tudo parece se encaixar.

O interessante é que a visão mais antropológica deixa espaço para melhorias, e é aqui que os contos tomam forma: é possível encontrar a discussão do que é ser humano, e de como aperfeiçoar a condição humana. O robô que pode ser humano, este é o cerne das obras. Ademais, os conflitos principais não acontecem entre humanos, mas entre humanos e robôs, o que distancia a noção de problemas dentro da raça humana. Isto é, depois de encontrar novas formas de vida, a humanidade pode deixar de se focar em suas questões e abraçar uma visão mais larga da realidade. Uma visão comum da ficção científica utópica, que prima por purificação.


Mary Shelley's Frankenstein

Tipo de utopia: feminina

Talvez seja novidade para alguns leitores, mas entre as ficções sobre utopias, a feminina é uma das mais proeminentes. Muitos escritores tentam dissertar sobre como ficaria a questão dos gêneros sexuais no futuro, e as tipologias são diversas: há mundos em que só sobraram mulheres, outros em que a função de reprodução não é somente feminina, universos de verdadeira equabilidade entre homens e mulheres; todos eles retratam algum tipo de mudança de uma sociedade paternalista para algo completamente diferente, mais equacionado.

Um dos primeiros escritos encaixados nesse estrato é Frankenstein: ou o Moderno Prometeu, de Mary Shelley. A autora foi influenciada, entre outras inspirações, por sua mãe, que era pesquisadora dos direitos femininos. No livro, e na sua adaptação para o cinema estrelada e dirigida por Kenneth Branagh - Mary Shelley's Frankenstein, de 1994 - o enfoque é a criação de vida de maneira assexuada, por meio de tecnologia. Claro, no filme, o final não é necessariamente feliz para o homem que arrisca a maternidade, mas esta foi uma das primeiras vezes em que o conceito foi aplicado à ficção científica. Vale lembrar que a utopia feminina é a que menos se utiliza de um ponto de vista generalista, o "bom lugar" a partir de uma visão de gênero.


Minority Report

Tipo de utopia: questionável

Por vezes, toda a sociedade está absolutamente serena em um distante futuro utópico, mas o protagonista da história não se encaixa, ou descobre alguma falha no sistema. Diferentemente de futuros distópicos, em que a utopia é uma exclusividade de poucos privilegiados, nesta versão o idealismo funciona para todos, mas por vezes se prova contrário à própria natureza humana.

Assim como a ironia de haver um lugar "bom" que é ao mesmo tempo um lugar "nenhum", esse tipo de filme quer questionar exatamente o cruzamento entre possível e impossível. Minority Report - A Nova Lei, filme de 2002 inspirado no conto homônimo de Philip K. Dick, demonstra esse tipo de utopia. Agente da divisão de pré-crimes, repartição policial que confronta os assassinos antes mesmo de cometerem o crime, apostando em um tipo de oráculo, John Anderton (Tom Cruise) parte em uma demanda pessoal, quando descobre que ele mesmo mataria uma pessoa em menos de trinta e seis horas. Se o sistema é preciso, porque então diz que "nosso herói" na verdade pode ser um criminoso? O tema aqui é determinismo versus livre-arbítrio.

A mesma questão é tratada em diversos filmes, como Gattaca, de 1997, em que o personagem principal, Vincent Freeman (Ethan Hawke), tenta realizar seu sonho, trapaceando o sistema aparentemente ideal que escolhe papéis sociais com base na eugenia.



1984

Tipo de distopia: totalitarista

1984, em suas duas principais versões cinematográficas, de 1956 e 1984, e no romance homônimo de George Orwell, sintetiza o totalitarismo e a sociedade de controle. O cidadão abdica de suas liberdades pessoais em troca de uma política de segurança nacional e da promessa de um mundo sem crimes. O Estado passa a padronizar as classes sociais e o estilo de vida, tudo em prol de uma comunidade supostamente homogênea.

Imagine que uma câmera grava todos os seus movimentos, a cada instante, todos os dias. Dentro desse ambiente controlado, onde o Grande Irmão representa o panóptico perfeito, as regras se impregnam na rotina das pessoas de tal forma que, em dado momento, o controle total prescinde da câmera para continuar funcionando. Em 1984, ademais, a repressão do Estado não se dá somente por meio de coação e censura, mas por uma mudança de enfoque: propaganda manipulativa.

Uma subdivisão da distopia totalitarista é a do Estado burocrático, em que os cidadãos, presos numa situação kafkiana, não conseguem driblar as regras do sistema simplesmente por elas existirem em excesso. Os filmes, nesse caso, tendem ao absurdo e à sátira, como Idiocracy.

Blade Runner - O Caçador de Androides

Tipo de distopia: tecnológica

Outro subgênero abundante no cinema de ficção científica. Blade Runner, o filme de Ridley Scott de 1982 que adapta o romance Do Androids Dream of Electric Sheep?, de Philip K. Dick, é um dos principais exemplares do mundo "high tech, low life", isto é, quanto maior o conhecimento científico, pior a qualidade de vida da população. No caso das distopias, a aceleração da tecnologia pode causar um colapso iminente, seja pelo seu mau uso, pela falta de organização na superurbanização ou pela sociedade que apela para o crime como forma de sobrevivência.

Aqui não há um véu de utopia. O universo de Blade Runner apresenta um mundo totalmente caótico, que passa por problemas de superpopulação e poluição. Robôs orgânicos conhecidos como replicantes são criados para trabalhar em colônias fora da Terra, com um curto tempo de vida, e aqueles que tentam viver em meio aos humanos no planeta devem ser exterminados. Mas, nessa realidade esgarçada, o conceito de "humanidade" se perde - daí o conflito principal de Blade Runner, com seus replicantes revoltosos em busca de aceitação.

Já filmes como Matrix demonstram a mesma problemática das máquinas, mas em um mundo onde os humanos já foram totalmente subjugados. Outros exemplos de distopias tecnológicas incluem O Exterminador do Futuro e AI – Inteligência Artificial.


O Livro de Eli
Tipo de distopia: pós-apocalíptica

O Livro de Eli, de 2010, é colocado como representante deste gênero por trazer uma versão clássica do apocalipse, com seus desdobramentos religiosos: o mundo passa por uma guerra nuclear que transforma o planeta em uma terra árida de ninguém, e o refúgio possível, contra vilões que exploram a desesperança dos demais, talvez seja apenas o espiritual.

O protagonista segue seus próprios valores morais enquanto parte em uma missão que pode alterar a situação e, no caso, trazer um pouco de esperança. Eli perambula por mais de 30 anos até encontrar uma cidadezinha cujo dono afirma conhecer um livro que poderá dar-lhe o poder de dominar as pessoas. O poder é uma das questões fundamentais de sociedades distópicas porque, mesmo que as histórias tenham focos diferentes, uma sociedade imperfeita é gerida por um governante imperfeito.

A escassez de gasolina, a poluição e a predileção por futuros desérticos e sem vida são a norma em filmes como Mad Max, Os 12 Macacos e Wall-E, mas a natureza vez ou outra se impõe no vácuo deixado pela humanidade, em filmes como Planeta dos Macacos e Eu Sou a Lenda, Embora a leitura religiosa não esteja sempre presente, não é difícil ver em dilúvios ou em mártires uma chance de interpretar essa variedade de filmes pelo viés bíblico.

Laranja Mecânica

Tipo de distopia: criminosa

O filme britânico Laranja Mecânica, de 1971, têm duas coisas em comum: ambos são baseados em romances homônimos, e trazem a violência como respostas a uma sociedade distópica. Em Laranja Mecânica, o crime organizado comanda as ruas, rivalizando com o papel do Estado, que está a ponto de perder a guerra. O crime, aqui, funciona em resposta ao totalitarismo, mas acaba criando, inevitavelmente, outro tipo de pressão.

Tem com Jogos Vorazes, obviamente, um parentesco próximo, mas outros filmes de distopias em que a violência é institucionalizada.


Admirável Mundo Novo

Tipo de distopia: prazerosa

Você será totalmente controlado por um governo ou uma instituição, mas não se preocupe: você vai gostar. Em Admirável Mundo Novo (filme criado para TV em 1980, inspirado pelo romance de Aldous Huxley), a sociedade poderia ser uma utopia, tudo funciona de maneira perfeita, as pessoas vivem de forma harmônica, sempre serenas ou felizes. A vida sexual é encorajada, já que serve apenas como fonte de prazer - a reprodução é sempre in vitro e controlada. Porém...

Para manter-se feliz, o cidadão deve usar Soma, uma droga projetada para desativar sentimentos impróprios. Aqueles que não querem viver em sociedade, podem optar por morar nas suas margens. Na trama do filme, a sociedade passa a ser questionada por alguns poucos, quando um dos Selvagens é reinserido na cidade. O livro ainda ganhou outra adaptação para a TV, em 1998.

Outros bons exemplos desta distopia são Equilibrium (de 2002, em que o uso de drogas mantém a sociedade serena, já que ter emoções é considerado um crime).


Vampiros de Almas

Tipo de distopia: alienígena

E se a distopia estivesse lá fora? Aqui, uma raça alienígena é que passa a controlar a sociedade. Porém, o funcionamento dessa nova comunidade é bem parecido com a distopia totalitarista: os cidadãos se tornam homogêneos, não há violência, mas também não há individualidade ou sexualidade.

Vampiros de Almas - Os Invasores de Corpos - A Invasão Continua (1993) e em 1956, numa época da Guerra Fria em que o cinema B de Hollywood trabalhava com o medo comunista constantemente como metáfora em suas ficções científicas. Como os alienígenas parasitas dominam humanos mas não os deformam, tudo na aparência permanece normal, e a paranóia se estabelece mais uma vez como norma da distopia. Claro, o mundo se torna um local absolutamente utópico, mas para os invasores.


Robo Cop - O Policial do Futuro

Tipo de distopia: corporativa

O controle aqui é realizado não pelo governo, mas por uma ou mais corporações, que podem tanto determinar o estilo de vida dos cidadãos (frequentemente mascarado como oferta de bens de consumo) como serem, elas mesmas, os agentes de destruição. No caso de RoboCop - O Policial do Futuro, de Paul Verhoeven, as comunidades vivem à mercê da violência, até que a empresa OCP toma para si o papel da segurança pública e cria um ciborgue que pode eliminar a criminalidade.

O que a corporação não imaginava, porém, é que seu rato de laboratório, um policial chacinado que sobrevive graças à tecnologia, pudesse lutar tanto para manter a sua humanidade. Na obra, assim como em outras distopias deste tipo, as empresas que conduzem o mundo são uma visão exacerbada do capitalismo selvagem. A publicidade, inclusive, passa a ser a maior ferramenta de gestão do controle.

Outros exemplos: O Quinto Elemento, Resident Evil, O Vingador do Futuro.



EU INDICO: The Walking Dead, que foi esquecido nessa lista. Nossa sociedade está muito, muito zumbi. Vivemos em uma zumbilância. É não? Seria o equilíbrio nós nos transformarmos ou sermos todos zumbis? Às vezes, bem às vezes, dá vontadezinha de ser zumbi. Ou no mínimo, deixar de ser. Afinal, somos ou devemos ficar?

“Riem de mim porque sou diferente, rio deles porque eles são todos iguais.”
-Kurt Cobain-


E então: utopia ou distopia? Harmonia ou desarmonia? Sei lá. Prefiro acreditar que tudo possa melhorar, mas sempre tendo como base, a ação civilizada e com base em discussões lógicas. Emoção sem devoção. Emoção com coração e cérebro.

PS: Todos os filmes listados com imagens aqui foram por minzinha, assistidos. E abaixo, mostro o primeiro filme do gênero que assisti. Um semi-terror com mescla de ficção científica. Meio forçadinho, mas um clássico:



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EBAAAA! Bom te ver!


Penso, logo, existo. E... se você está aqui, quer saber como eu penso. Se quer saber como eu penso, no mínimo, é curioso.


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Busco uma visão de longo alcance, sem aceitar verdades absolutas, preservando valores ALOHA, que são o ideal para um mundo mais honesto e verdadeiro.