Sabe, tenho um amigo de 20 e poucos, de Sampa. Ele fez uma das perguntas mais inteligentes dos últimos tempos: “Você ainda sofre por amor, depois de certa idade?” Ora, alguns poderiam achar engraçadinho, mas sinceramente, essa pergunta me fez pensar, e muito.
O que eu respondi? O seguinte: “Sim, a gente sofre do mesmo jeito, e muito. A única diferença, é que se RECUPERA com maior rapidez.”
Eureka! É isso!
Sofrer depois de uma fase da vida, seja pela perda de alguém, de um job ou de um sonho, tudo isso nos faz sofrer, sim. Ah se pudéssemos ficar imunes ao sofrimento, depois de uns 20, 30, 40 anos vividos... mas não, quando a gente menos espera, chega ele, o tiozinho Dodói. Dodói de amor ou de qualquer outra coisa... Dodói é dodói, e sempre...DÓI.
Mas a gente “tira mais de letra”, sabe? Raciocina mais, supera mais. Só tem uma coisa: não venha dizer que dor de amor, se cura com outro amor. Dor tem que ser vivida, e como disse uma amiga, é preciso refletir no luto. Luto de amor, luto de dor, luto de renovação. Fênix. Pensar no que aconteceu, prá não repetir.
E viva a fênix. Veja seu símbolo e significado, da internet:
A fênix é um pássaro da mitologia grega e egípcia que quando morria entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas. Outra característica da fênix é sua força que a faz transportar em vôo cargas muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes. Pode se transformar em uma ave de fogo.
Teria penas brilhantes, douradas e vermelho-arroxeadas, e seria do mesmo tamanho ou maior do que uma águia. Segundo alguns escritores gregos, a fênix vivia exatamente quinhentos anos. Outros acreditavam que seu ciclo de vida era de 97.200 anos. No final de cada ciclo de vida, a fênix queimava-se numa pira funerária. A vida longa da fênix e o seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual.
Fernando Pessoa, falou: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram...
...mas na intensidade com que acontecem." E esse texto, do Carlos Drummond de Andrade, "Definitivo":
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Sabe, veja uma conclusão, a se pensar: mais triste que perder quem a gente ama, é essa pessoa perder nosso amor. Esse é de Dóris.
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