O corpo é realmente o que nos proporciona mais prazer? O quanto o corpo é o “tudo de bom” na vida, numa relação amorosa ou profissional? E as emoções? E o respeito? E o coletivo? E o menos egoísmo?
Concordo e muito: corpos sarados são um prazer para os olhos. Os vícios, em geral, trazem momentos incomparáveis. Mas e daí, e como anda sua mente, seu espírito, seu intelecto? Momentos fúteis em demasia e o tempo todo podem custar uma vida. Ou mais de uma.
Doenças mentais geradas pelas doenças do corpo, doenças geradas por vícios ou por momentos da busca inconseqüente da beleza, momentos que cultuam a beleza. E o prazer. Gerados ou não, pelo excesso de vicio, excesso de prazer. Prazer que domina.
Reconheço que “coisas do prazer” podem e são maravilhosas. Mas é preciso refletir sobre a mesmice do prazer, sobre transformar o corpo em um templo inexorável e eterno em busca de “quero mais”. Ele pode não suportar a pressão, porque precisa de mais do que momentos eternos de prazer fulgurante e ao mesmo tempo, inexpressivo em termos de alma.
E EPA! Não quero dizer aqui que amor e prazer não andam juntos. Andam sim. Mas na real, você não consegue ter prazer o tempo todo, a todo instante, quando constrói relações duradouras, seja na vida pessoal ou profissional. No PF ou PJ, como dizem amigos meus da Contabilidade. PF = Pessoa Física; PJ = Pessoa Jurídica. Profissional e pessoal.
Veja o texto de Arnaldo Jabor, que me motivou a escrever sobre isso, aqui em meu blog:
Estamos com fome de amor
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente assino embaixo sem dúvida alguma. Parem prá notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar prá quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!",até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos.
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, prá chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
E mais: aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse à oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz “se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?”
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!”
E AÍ, EU (DÓRIS) PERGUNTO: VOCÊ É IDIOTA? Você busca prazer ou amor? Eles andam juntos? O tempo todo e a todo tempo? Qual dos dois é seu parceiro constante?
Pense nisso antes de dar mais uma tragada. Ou antes de trocar o bate-papo com os amigos por mais 2 horas na esteira da academia.
Como disse um amigo meu: “O maior prazer é ficar solto como uma águia atrás das flores exóticas do campo.”
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